Publicado em quarta-feira, 10 de agosto de 2011 às 16:26 |
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Segundo a Contag, 100 mil mulheres marcharão de todo o País rumo a Brasília.
Com o lema “desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, a 4ª Marcha das Margaridas trará para Brasília 100 mil mulheres de todo o País agora em agosto. Organizada pela Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), a atividade acontecerá nos dias 16 e 17 e é uma ação estratégica das mulheres do campo e da floresta para conquistar visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena.
O movimento se apoia em sete eixos principais: biodiversidade e democratização dos recursos naturais – bens comuns; terra, água e agroecologia; soberania e segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho, emprego e renda; saúde pública e direitos reprodutivos; educação não sexista, sexualidade e violência; e democracia, poder e participação política.
“Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina, tem cor – são negras as pessoas mais pobres, e tem lugar – estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, afirma Carmem Foro, diretora da CUT e da Contag.
Pauta ao governo
No dia 13 de julho, dirigentes da Contag entregaram ao governo Dilma um documento com mais de 150 pontos reivindicados pelas trabalhadoras rurais que fazem parte dos eixos da Marcha das Margaridas de 2011.
A atividade aconteceu no Palácio do Planalto e contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence; da ministra do meio Meio Ambiente, Izabella Teixeira; da ministra chefe de estado da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; da Secretária de Política para as Mulheres, Iriny Lopes, além de representante do ministro do Desenvolvimento Social.
O objetivo do encontro foi de abrir diálogo com os líderes governamentais para, de fato, implementar as reivindicações apontadas na pauta de reivindicações. Segundo Carmem Foro, a lista de reivindicações apresenta “o modelo de desenvolvimento pensado pelas mulheres para o Brasil e critica o modelo de desenvolvimento em vigor”. “Grandes projetos de hidrelétricas, por exemplo, sem planejamento social, facilitam o aparecimento da prostituição infantil’, afirma.
A defesa da pauta da Marcha das Margaridas é feita não apenas para beneficiar as trabalhadoras rurais, mas, consequentemente, toda a sociedade. “O trabalhador rural, uma vez que vive bem em sua propriedade, que produz, que vive no processo coletivo de construção na zona rural, está contribuindo para que tenha alimentação de qualidade na cidade, contribuindo para que não haja o inchaço das periferias das capitais”, explica Fátima Maciel, representante da Federação dos Trabalhadores Rurais do Acre.
Para a Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane da Silva, “a pauta das trabalhadoras rurais se confunde com a pauta das mulheres da CUT”. “Um dos pontos reivindicados na Marcha das Margaridas é a concessão de creches, uma luta nossa também. Além disso, temos que destacar que não é possível fazer a reforma agrária sema atualização dos índices de produtividade das terras e a regularização fundiária”, avalia.
Atualmente no Brasil, apenas 24% das terras está nas mãos da agricultura familiar. Além disso, a cada quatro trabalhadores rurais, um está na linha da miséria. “O fim da miséria passa, obrigatoriamente, pelas terras do Brasil”, analisa Carmem Foro.
Margarida Alves A maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil tem esse nome, como uma forma de homenagear a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves.
Margarida Alves é um grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. Rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, estado da Paraíba.
À frente do sindicato fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983. |
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Fonte - Suport-ES |
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