Vale tem 24 horas para depositar dinheiro de quilombolas
 

Publicado em segunda-feira, 2 de maio de 2011 às 17:15

 
A Justiça Federal deu prazo de 24 horas para que a Vale pague os danos
causados a 788 famílias do Território Quilombola de Jambuaçu, impactadas
pela operação de um mineroduto e uma linha de transmissão da companhia
(processo número 323081520104013900). A informação foi divulgada pelo
Ministério Público Federal do Pará nesta segunda.

A empresa pediu mais prazo para o juiz, alegando estar “faticamente
impossibilitada de obter as autorizações necessárias e repassar a citada
quantia a seus beneficiários”.

Para o procurador da República Bruno Soares Valente, o pedido de mais
prazo tem “cunho protelatório, considerando que a ré era sabedora da
existência da ação desde o ano passado”. A 9ª Vara da Justiça Federal
determinou o depósito dos valores para a comunidade.

Foi deferido o pagamento imediato de renda mensal de três salários
mínimos para cada uma das 251 famílias mais atingidas e de renda mensal
de um salário mínimo para as 537 famílias menos atingidas –
identificadas pela Associação dos Quilombolas do Jambuaçu. A solicitação
de pagamento de renda mensal retroativo ao dia 26 de fevereiro de 2010,
data de concessão da licença de operação, será definido mais adiante. A
empresa também deverá implementar um projeto de geração de renda no
local.

O mineroduto que impactou Jambuaçu atravessa sete municípios paraenses
para transportar bauxita da mina Miltônia 3 para a refinaria da
Alunorte, em Barcarena, próximo a Belém.

De acordo com nota divulgada pelo MPF, o mineroduto comprometeu cerca de
20% do território da comunidade e cita estudo da pesquisadora Rosa
Elizabeth Acevedo Marin, da Universidade Federal do Pará que relata
perda de navegabilidade, alteração da qualidade da água e
desaparecimento de peixes. Houve retirada de árvores – castanheiras,
açaizeiros, pupunheiras, abacateiros, ingazeiros.

“Não se pode aceitar mais na Amazônia que esses tipos de empreendimentos
fiquem com os lucros e deixem os impactos e a destruição na conta da
sociedade. Se há impacto, tem que haver compensação”, afirmou, na nota,
o procurador Felício Pontes, um dos responsáveis pelo processo.
 
Fonte - Blog do Sakamoto