General Mourão vai coordenar a logística do Brasil
 

Publicado em segunda-feira, 26 de novembro de 2018 às 17:09

 
Será relevante o diálogo com o vice-presidente eleito general da reserva Hamilton Mourão sobre o tema "a estratégia" do novo governo para a infraestrutura, no auditório da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no próximo dia 29 de novembro. O evento será transmitido ao vivo pelo Facebook do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Como coordenador dos ministérios, sua visão será balizadora para olharmos o horizonte da logística brasileira por um critério de prioridades enfeixando aspectos econômico, social e sustentável para a integração e desenvolvimento do País de fato e de direito. Os atrasos verificados na implantação de infraestrutura não acontecem por deficiência da capacidade de projetar nem da competência para realizar. Dá-se por razões conhecidas à exaustão e foram suficientes para eleger o futuro presidente Jair Bolsonaro, que prometeu acabar com a corrupção. Enquanto isso, o Brasil ocupa a 74º posição no ranking Global de Competitividade, de um total de 140, para o quesito de infraestrutura.

Quem leu a entrevista do vice-presidente eleito Mourão, por Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, do dia 23 último, pode ter ideia da forma que ele aborda questões fundamentais como a sustentabilidade. Decerto que neste ponto começa o caminho para os fins almejados. Ao afirmar que “não resta dúvida de que existe um aquecimento global. Não acho que seja uma trama marxista” e ao descartar “tolher o potencial que o País tem”, deixa claro que preservar o Planeta não atrapalha o desenvolvimento. Como também acha o diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claúdio Maretti em esclarecedora entrevista à jornalista Vera Gasparetto, especial para o Portogente, ao destacar a importância do “planejamento estratégico e de políticas públicas que orientem as atividades econômicas, sociais, ambientais, culturais.”

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma marca reconhecida mundialmente vinculada à qualidade de produção agrícola e pecuária e tecnologicamente avançada. A empresa estatal cravou um posicionamento vantajoso ao agronegócio e pecuária brasileiros em setores essenciais. O Brasil passou a ser um celeiro do mundo indispensável. No entanto, esse projeto vem sendo atropelado pela logística. Para conseguir o armazenamento e o escoamento desta produção, bem como um maior controle de custos, um sistema logístico eficiente e eficaz se faz necessário. Convém lembrar que no World Economic Forum 2015 já foi salientado que a oferta ineficiente de uma infraestrutura adequada como um dos três principais complicadores para se realizar negócios no país, empatado com a corrupção e agravado pela falta de confiança por deficiência das regras. O resultado disso é perda de competitividade internacional.

Avultam neste cenário os papéis das ferrovias Norte e Sul ( concorrendo com a Ferrovia Paraense) e Transnordestina (com duas ligações em disputa pela prioridade: com os portos de Pecém e de Suape). A primeira para escoar a produção agropecuária e mineral do Centro-Oeste e do Pará pelo Arco Norte e a segunda para escoar a extração do minério de ferro no Piauí. Ambas estão com atrasos nas obras de mais de 10 anos. Sem sombra de dúvida, a falta de governança tem sido o maior gargalo na implantação desses urgentes processos de desenvolvimento do Norte e Nordeste. Priorizar esses dois projetos será uma forma eficaz de reverter distorções num país continental como o Brasil, para reduzir os custos logísticos e aumentar a competitividade do produto que nele se produz. Fórmula aplicável a tantos outros casos similares e é fundamental para atrair investimentos robustos.

Não seria exagero dizer ser necessário vislumbrar uma retomada e ampliação com modernidade da lucratividade de ciclos econômicos decadentes nessas regiões. Lamentavelmente a falta de investimentos em tecnologia na construção de ferrovias no Brasil ainda gera prazos longos e com custos maiores. A afirmação de Maretti, “a biodiversidade como base do desenvolvimento industrial e são os processos ecológicos que geram a estabilidade climática que permite a produção agropecuária”, apontam a importância de pensar o desenvolvimento como um processo holístico de planejar, projetar, construir, produzir, preservar e pesquisar. É preciso incorporar novos conceitos da ciência e da tecnologia na construção desse projeto nacional. O entusiasmo do novo governo com o Programa de Investimentos Prioritários em Infraestrutura – PAC é um bom começo. Certamente todos que torcem pelo Brasil desejam o seu sucesso.
 
Fonte - Portogente