Morte de sindicalista se soma à carnificina patrocinada pela intransigência governamental no ES
 

Publicado em sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017 às 15:24

 
O caos instalado no Estado não mostra sinais de arrefecimento ao esbarrar na intansigência e na inoperância de um governo que insiste em não negociar de forma efetiva

Escrito por: Edilson Lenk

A já estarrecida população capixaba recebeu ontem (quinta-feira, 09/02) a notícia do assassinato do companheiro Walace Barão, presidente do Sintrovig (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Vila Velha e Guarapari). A morte do companheiro Barão se soma às mais de cem mortes contabilizadas em 7 dias de completa ausência do governo do Estado no gerenciamento de uma crise de proporções catastófricas que ceifa vidas, impõe prejuízos e torna toda uma sociedade refém do medo e da incerteza.

Mais que isso, mostra a omissão do governador e de seu secretariado na tarefa de oferecer alternativas à população, com uma propostas às reivindicações da Polícia Militar em greve.

Quando a CUT/ES fala em greve da Polícia Militar, ela se refere a trabalhadores e trabalhadoras que reivindicam condições mínimas de trabalho. Um trabalho que, ressalte-se, exige a exposição da própria vida diariamente ao perigo.
O que os 10.300 policiais militares do Espírito Santo querem? É a PM com o mais baixo piso salarial do país, R$ 2.460,00. A média do Brasil é R$ 3.980,00. Eles não têm aumento há sete anos, e há três anos o governo estadual nem repõe as perdas da inflação.

Os PMs também reivindicam a renovação da frota de veículos, a melhora das condições do hospital da polícia (HPM), e a compra de coletes à prova de bala, que estariam em falta. Ou seja, reivindicam o básico a um governo que tem na bandeira da austeridade fiscal o discurso pronto para bajular os ultraliberais que tomaram o Brasil de assalto e pra projetar o governador Paulo Hartung a seus sonhos já confessados de se tornar uma referência nacional para a direita e cobiçar o cargo de vice-presidente ou mesmo presidente da república do PMDB.

Ao mesmo tempo que se nega a negociar alegando não ter recursos, o governo Paulo Hartung abarrota os bolsos de grandes empresários com isenções e renúncias fiscais dos mais variados tipos. Com esse segmento ele negocia sempre com um largo sorriso no rosto.

O Espírito Santo não aguenta mais essa situação. O povo do Espírito Santo não aguenta mais. A negociação com os grevistas da PM, bem como com todo o funcionalismo que sustenta a propaganda de um governo superavitário com arrocho salarial e falta de investimentos é urgente.

A CUT Espírito Santo lamenta profundamente a morte do companheiro Barão ao lado das centenas de famílias que choram seus mortos nessa insanidade que tomou conta de nosso Estado. E exige que governo do Espírito Santo cumpra o papel de zelar pela segurança pública e de negociar com o funcionalismo público estadual.

A subserviência a um projeto de estado mínimo que não deu certo em lugar nenhum do mundo não pode continuar a penalizar e a impor mortes e medo a toda uma população. Esse modelo promete, em uma sinistra previsão, alastrar o caos por todo o país, já que quer impor a morte e a fome a trabalhadores de todas as categorias profissionais.

O Espírito Santo merece paz. Os trabalhadores merecem respeito. A sociedade capixaba merece uma resposta à altura da angústia que vivencia. A receita neoliberal não pode dar essa resposta, e sim o respeito aos trabalhadores e à sua dignidade.
 
Fonte - CUT-ES