Estivadores encerram greve no Porto de Santos após 12 horas
 

Publicado em segunda-feira, 28 de março de 2016 às 16:37

 
A greve de cerca de 4 mil estivadores, avulsos e vinculados, terminou às 19 horas desta segunda-feira (21). Dessa forma, os profissionais voltaram a operar na Brasil Terminal Portuários (BTP), coopersucar, T-Grão e a Archer Daniels Midland (ADM).

Segundo o Sindicato dos Estivadores (Sindestiva), houve um avanço nas conversas com o Sindicato dos Operadores Portuários Estado São Paulo (Sopesp) e uma reunião que estava marcada para quinta-feira (24) foi antecipada para quarta-feira (23).

A paralisação de 24 horas completaria um dia às 7 horas desta terça-feira (22). A categoria reivindica aos empregadores reajuste salarial, com aumento real calculado em mais de 10% e adicionais noturnos, além de garantias de que terão os postos de trabalho abertos. A paralisação é, inicialmente, de 24 horas.

A greve foi decidida na última semana, em assembleia realizada na sede do Sindestiva. Os trabalhadores também reivindicam repasse com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e aumento no vale refeição oferecido pelas empresas portuárias.

"Paramos em defesa dos nossos empregos, do nosso trabalho. Queremos o justo e sabemos que os empregadores podem cumprir", afirmou o presidente do Sindicado, Rodnei Oliveira da Silva, o Nei da Estiva.

Reflexos do protesto

Na manhã de segunda-feira (21), uma passeata percorreu principais vias da Margem Direita (Santos), até chegar à Alemoa. O tráfego ficou prejudicado.

Durante o ato em frente à BTP, os profissionais ameaçam ocupar a instalação e afirmam que a empresa escalou funcionários ligados ao Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) para trabalhar na operação de um navio, que atracou no início da tarde. Soldados da Polícia Militar e da Guarda Portuária foram chamados para ficar de prontidão no local. Como estão em greve, eles não querem que o terminal entre em operação.

Ainda durante a tarde, o clima esquentou entre a categoria e membros da Guarda Portuária. Os estivadores acusam a equipe de segurança de realizar ofensas e de despreparo com a situação.

Demais terminais

Nos demais terminais, os estivadores, segundo o sindicato, apresentaram-se normalmente aos postos de trabalho, ainda no início da manhã, mas permaneceram de braços cruzados. Enquanto alguns estão a bordo das embarcações, outros estão nos pátios dos terminais realizando o protesto. Apenas a categoria aderiu à greve.

Entretanto, no final da tarde, a Santos Brasil, T-Grão e a Archer Daniels Midland (ADM) decidiram apresentar novas propostas à categoria para pôr fim à paralisação. Os três terminais já tiveram estivadores convocados e voltaram a operar normalmente.

De acordo com Nei, as duas únicas instalações fucionaram normalmente no cais, nesta segunda-feira, foram a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), na Margem Esquerda, e o terminal da Vale, em Cubatão. Ambas empresas, em negociação, já realizaram acordos atualizados com a entidade sindical.

Em nota, a Brasil Terminal Portuário (BTP) lamenta a paralisação das operações no cais, realizada por trabalhadores avulsos do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) associados ao Sindestiva.

"A BTP respeita o direito à greve, que é garantido pela Constituição, porém sustenta a posição de que toda e qualquer negociação deve ser feita à mesa, com diálogo franco e transparente, e pautada pelas condições impostas pelo atual cenário econômico", diz o texto.

A empresa explica que durante a manhã desta segunda-feira, quando começou a greve dos estivadores no Porto de Santos, não foi registrado impacto imediato nas operações do terminal da BTP, pois não havia previsão de atracação de embarcação em nenhum dos seus berços. O primeiro navio a ser operador atracou no berço 3 por volta das 14 horas (de segunda), quando, então, deu-se início à paralisação das operações de cais da BTP.

"Por volta das 15 horas, realizou-se uma reunião entre representantes do Sindestiva e da BTP, nas dependências do terminal, onde foi acordada a retomada das operações de navio para as 19 horas do mesmo dia, na medida em que, no próximo dia 23, será realizada uma nova reunião entre o Sindicato dos Operadores Portuários Estado São Paulo (Sopesp) e o Sindestiva".

Devido a paralisação, a empresa deixou de movimentar 760 contêineres a partir do navio atracado em seu terminal desde o início desta tarde. "Com a retomada das operações marcada para as 19h, compromisso assumido pelo Sindestiva, a BTP espera poder mitigar ao máximo os resultados negativos dessa paralisação, retomando rapidamente o nível de serviços junto aos seus clientes", finaliza.

Convenção coletiva

Segundo o diretor-executivo Sopesp, José dos Santos Martins, que representa os empregadores, está em vigor uma convenção coletiva de trabalho com o Sindestiva até 31 de agosto deste ano. Apesar disso, a entidade disse que antecipou as negociações com o intuito de agilizar um novo acordo.

Com a paralisação desta segunda-feira, as conversas fracassaram. "Vamos calcular os prejuízos e vamos entrar com recurso no Tribunal Regional do Trabalho, declarando a greve ilegal", explicou o representante do Sopesp. Segundo ele, durante a manhã, apenas quatro terminais foram impactados. "Mas são os de grãos e que estão em pleno movimento por causa da safra".

A preocupação de Martins é que a paralisação das atividades atrapalhe o recebimento de cargas programadas para os próximos dias. Para ele, o PortoLog - Cadeia Logística Portuária Inteligente, que foi criado para eliminar filas e transtornos viários, poderá ser afetado, ocasionando não somente perdas, como, também, transtornos às cidades do entorno ao cais.
 
Fonte - Tribuna de Santos