Log In busca acordo com bancos
 

Publicado em sexta-feira, 11 de março de 2016 às 15:14

 
Por Francisco Góes e Ana Paula Ragazzi

A Log In, empresa especializada na navegação de cabotagem, acertou uma suspensão temporária de pagamentos ("stand still") com um conjunto de bancos com os quais tem dívidas de curto prazo que somam R$ 530 milhões. O Valor apurou que o acordo é válido até 6 de março. A Log In vem negociando, por intermédio da assessoria financeira Moelis & Company, um "reperfilamento" de sua dívida de curto prazo.
O acordo de suspensão temporária de pagamentos foi assinado, de acordo com fontes, com grandes bancos, como Banco do Brasil, Itaú, Santander e HSBC. Procurados, os bancos não deram entrevista. A empresa não tem condições de arcar com os pagamentos a curto prazo e viu o custo de seu endividamento crescer também em função da alta da Selic, a taxa básica de juros. O objetivo é alongar o perfil da dívida, reduzindo também seu custo.

Além desses bancos, há endividamento com bancos médios, que também conversam com a companhia para uma reestruturação. A Log In tem dívidas de curto prazo com vencimento em 18 meses e custo de 160% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Um eventual pedido de recuperação judicial da Log In parece hoje mais distante, mas não pode ser descartado. Vai depender da disposição dos bancos credores em reescalonar a dívida da companhia.

"O fato é que a receita recorrente da Log In não é suficiente para servir a dívida da empresa", disse um analista do setor. Mas, resolvida a questão do fluxo de pagamentos a curto prazo, a Log In terá solvência. Conforme as fontes, a Log In já conseguiu reestruturar a dívida de longo prazo que possui com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição com a qual contratou empréstimos de cerca de R$ 1,3 bilhão. A Log In enfrenta dificuldades há algum tempo, mas a situação se agravou em 2015.

A crise econômica do Brasil reduziu o volume de cargas movimentado no Terminal de Vila Velha (TVV), de Vitória (ES), controlado pela empresa. A companhia também enfrentou atrasos na construção de quatro navios encomendados ao Estaleiro Ilha S.A. (EISA), que pediu recuperação judicial.

Em janeiro, a mineradora Manabi informou que tinha apresentado uma "proposta não vinculante" para adquirir o controle da Log In. Mas, de lá para cá, não se teve mais notícias da transação. A Log In também recebeu outras propostas não vinculantes, algumas das quais partiram de companhias de navegação internacionais. Procurada, a Log In não se manifestou.

O presidente da empresa, Vital Jorge Lopes, disse que o que tinha para dizer consta do fato relevante divulgado no fim do ano passado, quando a empresa informou ao mercado que tinha iniciado estudos, com o apoio de assessores, para uma "eventual reestruturação de seu endividamento". Também procurada, a Moelis não deu entrevista.
 
Fonte - Valor Econômico