Prefeito de Baixo Guandu classifica tragédia como o maior crime ambiental do País
 

Publicado em terça-feira, 17 de novembro de 2015 às 15:54

 
A reunião da Comissão de Representação da Assembleia Legislativa, em Baixo Guandu, na noite dessa segunda-feira (16), reuniu lideranças comunitárias, deputados estaduais e moradores em busca de alternativas e respostas para a onda de lama que já está mudando a vida dos cidadãos guanduenses.

O município é o primeiro no Espírito Santo a ser atingido pela lama de rejeitos das barragens da Samarco-Vale. Nessa segunda-feira (16), o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), interrompeu a captação de água do rio Doce e passou a abastecer a cidade com água do rio Guandu, graças a uma obra emergencial da prefeitura.

Neto Barros lembrou que o rompimento das barragens é o “o maior crime ambiental que este País presenciou”. Ele considerou a audiência pública como uma oportunidade para debater o assunto com a comunidade. Segundo ele, os efeitos dos rejeitos são “imprevisíveis e incomensuráveis”, que talvez levem até um século para a recuperação do rio Doce

No contexto da reunião, quem chamou a atenção foi o vereador Vinícius Gobbo (PSB), que destacou a questão política que envolve a tragédia. Ele afirmou que o problema é a corrupção. Segundo o vereador, as empresas que poluem o meio ambiente financiam campanhas políticas de todas as esferas e poderes e, em troca, recebem a liberação de licenças ambientais. “Meio ambiente não dá voto”, destacou.

O mapa de doações confirma a tese do vereador Gobbo. Na Assembleia, sete dos 15 parlamentares da Comissão de Representação receberam doações da Samarco (Vale e BHP Billinton): Guerino Zanon (PMDB), Luzia Toledo (PMDB), Janete de Sá (PMN), Bruno Lamas (PSB), José Carlos Nunes (PT), Gildevan Fernades (PV) e Rodrigo Coelho (PT), que somados receberam R$ 378,1 mil. O governador Paulo Hartung (PMDB) também recebeu doação da empresa, R$ 200 mil.

Nas listas de financiamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão cinco dos 10 deputados federais da bancada capixaba: Paulo Foletto (PSB), proponente da comissão da Câmara que acompanha os desdobramentos da tragédia, além de Lelo Coimbra (PMDB), Givaldo Vieira (PT) e Evair de Melo (PV), que juntos receberam R$ 750 mil das empresas de mineração. No grupo, como suplente, tem outro capixaba, o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT), que levou R$ 270 mil do setor de mineração nas eleições de 2014.

Reunião

O prefeito Neto Barros reuniu-se também nessa terça-feira (16) com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que veio a Baixo Guandu conhecer as ações que foram tomadas no município para amenizar os efeitos da chegada da lama, que já está na barragem de Aimorés e deve chegar no município capixaba nesta quarta-feira (18).

Gilberto Occhi ficou satisfeito em constatar que a prefeitura, o SAAE e a Defesa Civil de Baixo Guandu, desde o dia posterior à tragédia de Mariana, tomaram todas as providências que estavam ao alcance.

“A obra no canal do rio Guandu, executada em tempo recorde, foi fundamental para que o abastecimento de água na cidade se mantivesse dentro da normalidade; estão de parabéns o prefeito Neto Barros e todo o pessoal envolvido nas operações que estão mitigando ao máximo os transtornos para a população”, disse o ministro.

Participaram da reunião os secretários estaduais de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEDURB), João Coser, de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice, e de Segurança, André Garcia. Os deputados federais Paulo Foletto (PSB) e Givaldo Vieira (PT), além do diretor comercial da Samarco, Roberto Carvalho, e do diretor de pelotização da Vale, Maurício Max.
 
Fonte - Século Diário